Para ti minha "Leonor" que despertaste em mim uma norme ternura e me ensinaste como tantas vezes podemos ser ingratos com a vida que temos.
Conheci a Leonor numa manhã de Novembro, era a minha mais recente doente. Atravessei o corredor na expectativa de conhecer mais uma criança, como seria a Leonor?
Assim que cheguei ao quarto lá estava ela, sentada na cama, com um olhar timido, acompanhada pela mãe.Estava à minha espera apenas para que lhe tirasse o soro para ir tomar banho. Disse-lhe "olá" e cumprimentei-a com um sorriso, apresentei-me, mas ela muito timida nada disse, deixando apenas que a mãe respondesse por ela. Dormiste bem?instisti eu...ela respondeu-me afirmativamente com a cabeça....cheguei-me perto dela e e disse-lhe "nao ouvi bem...as vezes sou um pouco surda" e com um sorriso ouvi pela primeira vez a sua voz "sim".
No decorrer do turno, ela começou por me procurar na sala de enfermagem, entrava e perguntava se se podia sentar ao pé de mim, já me chamava pelo nome e com o decorrer do tempo começava por manifestar a tristeza que sentia por não ter ninguem da sua idade para brincar.
A sua doença? Quase parecia não ter sentido para ela...aparentemente uma menina saudável, mas havia-lhe sido diagnosticada à pouco tempo Fibrose Quistica...uma doença rara, que por ser rara poucos a conhecem, no entanto uma doença tanto ou mais ingrata como por exemplo uma Diabetes que tanta gente fala.
Leonor não tem noção que a sua esperança média de vida está calculada até aos 30 anos de vida....como é possível???como é possível dizer isto a uma mãe???como é possivel dizer isto a uma criança???como é possivel curtar as asas a uma meninas tão doce e meiga como a Leonor...como???
Passei cerca de duas semanas com a Leonor nos Hospital, a sua mãe ao seu lado, era o maior apoio que Leonor poderia ter....aquela mulher que apesar de tudo trazia sempre um lindo sorriso no rosto, mesmo quando chorava....A força daquela mulher, era sem duvida aquela princesa a Linda Leonor.
No último dia que estive com a Leonor...falei com ela sobre a vergonha que ela sentia em tossir à frente das pessoas tal como a insistente recusa alimentar que tinha motivada pela doença. Fizemos exercicios e rimos juntas e espero que tenha conseguido mostrar-lhe que não tem de ter vergonhada do que toda a gente faz naturalmente "tossir". Falámos da escola, dos colegas e do professor. No final, pediu-me para que não contasse nada à sua mãe...o porquê? porque não queria ver a sua mãe sofrer... A Leonor ainda não sabe do que realmente se trata a doença que tem, não conhece as incapacidades que esta lhe trará e ainda não sabe da força que vai ter de ter no futuro. A Leonor é uma menina Linda como tantas outras, mas foi a menina que me fez crescer...é a menina que eu nunca vou esquecer...
domingo, 22 de março de 2009
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