sexta-feira, 25 de junho de 2010

Apesar de tudo tenho sido optimista e tenho procurado ver as coisas negativas por algum lado positivo, mas chega-se ao final do dia e o meu interior sente-se em exaustão...em exaustão por durante o dia substituir as lágrimas por sorrisos, ou a fraqueza que possa sentir em força para seguir a olhar em frente...
Ontem voltei mais cedo da praia, estava calor mas muito vento...cheguei a casa e tive a noticia de que também o meu irmão tinha tido um acidente...um carro bateu contra ele, mas assumiu-se logo como culpado...menos mal...a questão foi que a batidela ainda foi feia e deixa o carro inveabilizado por tempo indeterminado. Não houve feridos e isso é o que importa. Segundo consta foi um jipe BMW que embateu contra ele.
Hoje acordei às 6h30 para o levar ao local de estagio, em Mafra. Já a caminho de casa, numa rotunda um carro embate contra a minha porta e faz-me subir um lancil. Eu não estava a querer acreditar...ainda não fez uma semana desde que tive o primeiro acidente. O senhor assumiu-se logo como culpado, era também um jipe - mercedes - (parece que eu e o meu irmão atraímos grandes marcas) que claro que não teve grandes lesões quando comparado com o meu carro que nem a porta fechava. A vir para casa com o volante todo torto para andar em frente só me apeteceu chorar...mas parece que estou seca por dentro...se o do meu irmão estava mal...o meu...quando o mecanico viu o meu carro não podia ter sido mais expressivo...
Ainda eu não sabia que o pior do dia vinha aí...o ECG da minha mãe não está nada bem...e pela primeira vez descrevem isquémia do miocardio, em caso excepcional disponibilizaram o relatório para o proprio dia, marcaram imediatamente uma consulta de cardiologia e já uma serie de procedimentos como um inevitavel cateterismo. Estou cansada e com medo, mas mais uma vez não posso aparentar sequer a angustia que aqui dentro vem. Ok...ja consegui deitar qualquer coisa cá para fora. Depois de um dia inteiro entre telefonemas, oficinas e clinicas estou a aterrar...

Quero ir para Neptuno...

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Quando o plano A não funciona, é sempre bom ter de retaguarda um plano B, e eu tinha...
Quando o plano B vai pelo mesmo caminho que o plano A, é mais complicado...mas é sempre possivel arranjar um Plano C...
Agora quando o Plano C vai por água abaixo, deixa de haver possibilidade para elaborar qualquer plano D sem antes pensar nas ditas leis de MURPHY...ok...já pensei...vou sacar então o plano D...hibernar por TEMPO INDETERMINADO...

Só queria que as coisas corressem um bocadinho de acordo com algum plano...mas pelos vistos está dificil....
O dia até correu bem...mas podia ter corrido muito melhor :)))))
Serve sempre para aprender...

Ah...ontem no local onde costumo estacionar o carro, estava um carro a estacionar quando eu lá cheguei...e não...não foi nenhuma lei de Murphy...foi sorte da minha parte!!!! o gajo furou o pneu não sei com o quê ali mesmo...ah..de vez em quando também me calham algumas boas vibrações :D

Sem qualquer plano de A a Z...estou bem disposta com a vida...posso estar sempre melhor, mas hoje o dia correu bem :D

terça-feira, 22 de junho de 2010

Hoje debrucei-me sobre o estudo afincado das leis de Murphy...espero que aquilo não corresponda à realidade...de qualquer das formas é melhor previnir e ir comprar o triangulo o quanto antes, ja que o meu ficou reduzido quase a cinzas no dia do acidente.
De qualquer forma as leis poderão justificar muito bem a sorte que eu vou tendo ao longo dos dias ou a minha potente capacidade de distracção com qualquer coisa...mas sabes que mais ó Murphy, eu ainda me vou rindo delas...e mais...aqui e ali vou sendo feliz ao meu jeito.

domingo, 20 de junho de 2010

Se no penúltimo post me apetecia hibernar, agora sim...hibernar por tempo indeterminado é a única solução que consigo alcançar à vista.
Ontem o suposto era fazer 16h pronta de saída para umas curtas férias (curtas mas muito necessárias). Mas o serviço estava muito calmo e com poucos doentes, sugestão...dar feriados. Liguei para o "bombeiro" para ficar em casa, mas ainda assim havia pessoal que achava que eu também poderia ir, porque não justificava estar tanta gente incluindo alunos. Mas o "Pepe" achou que seria melhor não e eu respeitei a opnião dele...claro que ainda deu lance a alguns murmurios, mas eu compreendi perfeitamente a opniao de cada um dos lados. Deixámos as coisas esclarecidas para que ele percebesse que eu não estava nada chateada com ele.Saímos então às 23h e eu desejosa de chegar a casa, estes dias não têm sido muito animados e eu já estava com excelente espirito para estar sozinha no meu canto.
A caminho de casa, com Muse à mistura, vinha eu descansada na faixa da esquerda para tomar o caminho que me levaria a casa quando vejo um carro na faixa do meio a desviar-se literalmente para cima de mim...não sei o que pensei, mas ouvi e senti a batidela no meu carro...não sei como não me espetei contra o lancil do meio, bem ditos 400euros gastos em pneus...parei...e quase que parecia uma doente de parkinson, fisicamente estava ligeiramente transtornada, mas a cabeça felizmente estava no sitio. Antes sequer de sair do carro, um carro parou ao meu lado a perguntar se eu precisava de testemunhas, desde logo agradeci. Quando me dirigi ao carro que me tinha batido encontrei-me com um jovem de raça africana, acompanhado de uma jovem bem como de um halito sugestivo a alcool. "Então agora o que é que TU vais fazer?" perguntou-me "então agora acho que o melhor é ligar à policia" não gostei da primeira abordagem que me foi feita e muito menos das seguintes. "então diz-me lá o que aconteceu" questionava-me "eu vinha na minha faixa quando o senhor veio contra mim"
"eu fiz pisca" - dizia
"sim e depois?"
"então eu fiz pisca, TU é que vinhas lá assim..."
"pois, eu vinha na minha faixa, o senhor de facto fez pisca, mas o pisca não lhe dá prioridade para nada, apenas revela a intensão de querer fazer algo"
"sim mas eu fiz pisca"
Resumindo...ele não percebia metade do que era dito, agora o porquê de não perceber é que é a questão...
"tu és profissional?"
"Desculpe?"
"Tu conduzes todos os dias?"
"sim todos os dias"
"então eu fiz pisca..."
Confesso que algumas situações, quando não estava junto dele so me dava vontade de rir até a historia do pisca começar a enervar-me...
Entretanto colocou o triangulo dele e estando nós numa via rápida um carro que se deslocava, embateu contra o triangulo...foi logo motivo para o caramelo querer arranjar confusão com o outro condutor...ainda tive de ser eu a deslocar-me até lá e a acalmar a situação, para seguirem em frente que confusão já ali havia suficiente.
Esperámos à vontade 1h pela policia...no discurso que ia tendo com ele, percebia com facilidade que ele estava a querer que eu me descontrolasse, felizmente consegui ser sempre assertiva, até que chegou a um ponto em que me cansei " olhe, como vê a conversa não nos está a levar a lado nenhum, portanto é melhor falarmos só quando a policia chegar".
A policia chegou eu contei a minha versão e ele assumiu como sendo a certa, mas entretanto a...bem...a jovem que estava com ele, começou a querer dar a volta a situação a dizer que eu é que tinha ido para a faixa do meio bater contra eles...lindo...eu ate ia para a faixa do meio só com a parte detras do meu carro. Já nos tinhamos preenchido quase todos os papeis quando o senhor policia se lembra de nos fazer o teste de alcool. 1.06 era o que o jovem tinha, pois claro que foi recambiado para a esquadra.
Entretanto no meio desta historia, tive o apoio de duas raparigas que tinham parado para servirem de testemunhas, e acho que foi o que me valeu...

Antes desta historia toda fui ver o Edu, estava a dormir, olhou para mim perguntou-me as horas e encostou-se ao meu braço enquanto eu lhe dizia para continuar a dormir. Apesar das belas saturações de 94% estava bastante cansado mesmo a dormir, com umas olheiras marcadissimas e muito pálido. Fiquei ali a dar-lhe uns miminhos. Apetecia-me ficar ali a tarde toda a cuidar daquele pimpolho.

E agora sim, queria carregar no botão off, ou melhor...reset e apagar muitos dos ultimos acontecimentos. Mas um reset selectivo, felizmente nem tudo o que acontece é mau, mas às vezes dá-me a sensação que nem consigo recarregar forças para logo levar com outra sapatada.
E de volta à vontade de hibernar por tempo indeterminado. Pensava que o desabafo pela escrita hoje ajudaria, mas parece que o desabafo vai ser de outra forma, deixemos as palavras para amanhã ou quem sabe outro dia.
Estores fechados, hoje apetece-me dormir e não ter que acordar.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Na última visita que fiz ao Edu ele não estava muito bem disposto.Melhor dizendo...estava triste. Além da assistente social lhe ter prometido um computador que não chegou,voltou a ser mais um dia em que ficou fechado naquele quarto. Pediu para ir para a sala de brincar, mas logicamente que as enfermeiras não podiam deixar. Esteve-me a falar disso e outras coisas e...está um pró a jogar UNO...o pior é que me ganhou quando tinhamos apostado que se eu lhe ganhasse podia-lhe pôr creme...infelizmente não o consegui convencido :(
Entretanto lá tive eu que ir trabalhar...mais uma noite...seria tranqui-la se a jovem que nós lá tivessemos com monitorização de PIC não estivesse a descompensar...
PIC'S sempre altissimas, mas estavam apenas focados na DVE que tinha sido colocada no dia anterior e que por momentos ajudou a baixar os valores. Mas eu penso...ela não tinha hidrocefalia, se não tinha hidrocefalia, logo não tinha excesso de liquor...o pouco liquor que ia saindo não era porque estava a mais, mas simplesmente porque a DVE estava quase a bater no chão. Continuo a pensar e não é preciso muito acredite-se para chegar a conclusão que o aumento da pressão intracraniana se deve ao brutal edema que ela tem e não ao excesso de liquor. Durante a noite, obviamente que a DVE parou de drenar o que quer que fosse, enquantos as PIC'S se mantinham nos 50. Comecei a ficar revoltada quando vejo que a médica anestesista não fazia nada...a não ser manitol e proprofol com pouquissimo efeito, pelo menos teve a humildade de vir ter com os enfermeiros e perguntar "nestas situações o que é que se costuma fazer", quando demos as sugestoes anteriores. Ainda assim, com assertividade sugeri-lhe que voltasse a falar com o neurocirurgião e lhe sugerisse a realização de uma craniectomia. Ao que me respondeu que o neurocirurgião lhe tinha dito que não havia mais nada para a oferecer à jovem. Engoli em seco e fui tratar dos meus doentes porque já me estava a sentir demasiado irritada com a situação, o que é que nós enfermeiros podiamos fazer mais pela rapariga?!quando o neurocirurgião nem se deu ao trabalho de ir tentar desobstruir a DVE?! de sequer ir ver a doente?! a sugestão estava feita (craniectomia) os procedimentos de enfermeiros estavam todos a ser realizados...só nos faltava levá-la ao bloco e tirarmos-lhe nós o osso. Passámos a noite à volta dela com as PIC'S quase sem cederam a cinquenta e muitos...para às 9h30 decidirem levá-la ao B.O para quê?! isso mesmo, retirar o osso...e a questão é...porque não decidiram isto muitas horas antes?! enfim...não quero pensar mais nisto, faz-me mal...
É preciso ter-se sorte quando se entra num hospital...

Saída de vela, lá fomos nós para a praia...a "morrer" de sono, mas o sol chamava-nos...quando começou a ficar mais frio voltámos visitar o barzinho dos cachorros, mas desta vez o "Edmundo" rendeu-se a uma tosta, eu e a "Catita" mantivemo-nos firmes ao cachoro.
Chegada a casa já depois das 20h quase que não sabia o que andava a fazer. Durmi 2h e a minha acorda-me a dizer que não se estava a sentir bem,mesmo sendo enfermeira às vezes dá a sensação que quase a tempo inteiro, não consigo (logicamante) ter respostas para tudo, ou pelo menos não quero acreditar quando dignósticos como "enfart" me surgem na cabeça. E por isso, hospital com ela e umas quantas numa sala de espera. Baixa imediata até ECG com prova de esforço e mais uma preocupação para a minha cabeça.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Desci pela enfermaria, percorri um corredor meio sombrio e lá cheguei à pediatria.
Ele estava no mesmo quarto a ver o jogo do Brasil e da Coreia do Sul. Entrei no pequeno quarto e fui logo recebida com aquele grande sorriso. Ao ver que ele estava a ver o jogo,perguntei-lhe se queria que me fosse embora e voltasse depois "Não, não" respondeu ele com os olhos arregalados. Instalei-me numa cadeira ao lado dele com vários avisos da sua parte para não bater com a cabeça na janela que estava aberta enquanto desempedia a cadeira que tinha não sei quantas coisas em cima para me sentar...aqueles quartos são mesmo minusculos. Sem contar com a criança no quarto cabem mais 2 pessoas, desde que fiquem estaticas no mesmo lugar.
Estivemos mais de 1h30 a jogar UNO e a conversar, mas pareceu que não tinham passado mais de 15 min.
Ao contrário do ultimo internamentos que eu tinha presenceado ainda como aluna, ele ficou muito mais conversador. No inicio desse internamento, só conseguia "arrancar" dele "sim" ou "não" como respostas às minhas perguntas. Ele estava mesmo deprimido. Tivemos algumas peripécias nessa altura, e foi também aí que depois de ter quebrado o "sim" ou "não" comecei a ficar mais próxima dele. Uma vez, estava eu a fazer manhã e fui até ao quarto para o levar para o banho "aí não...eu tomei banho ontem" disse-me "não sejas mentiroso, eu sei que não tomaste nada banho, só te lavaste aqui com um alguidar". Estava dificil de o convencer mas a minha orientadora dizia "não! ele hoje tem que tomar banho". A muito custo e com ele muito contrariado lá fomos nós com o oxigénio atrás. Como ele ainda se aguentava momentos sem oxigénio, retirei-lhos enquanto ele foi para o duche...mas aquele duche estava a ser interminavel "Edu...já está bom, vamos embora" dizia-lhe. "Ai que isto está tão bom..." respondia-me. "Deves estar a brincar! para quem não queria tomar banho agora não queres sair daí!anda que já estás a ficar cansado e a precisar de oxigénio". Quase que me tive de meter debaixo de água para o tirar de lá e o que nós os dois nos rimos naquela casa-de-banho...
Mais de um ano passado ele ainda se lembra deste episódio e de outros.
Ele adora animais, mas a caminho dos 16 anos nunca foi ao jardim zoologico. Disse-me o que queria ser quando fosse mais crescido.E debatemos assuntos importante como o que se pode fazer com internet.
Perguntei-lhe como ia a escola...deixou de ir a escola...a professora vai lá a casa...menos um motivo para sair de casa...mais um motivo para ficar confinado a quatro paredes...
As saturações estavam na ordem dos 90% com oxigenio a 2 l/min permanente...o que é uma victoria.
Adorou mexer no meu touchscreen e deu-se muito bem com aquilo, apesar dos dedos lhe conferirem menor minunciosidade devido à doença.
O meu despertador tocou a avisar que estava na hora de eu ir trabalhar, "já vais?!" perguntou-me "sim!", mas não houve hipotese sequer de o ver triste porque comecei a puxar por ele a cantar a musica do despertador "HAKUNAMATATA....é tão facil dizer..." começou logo a rir-se e com aquela alegria toda, tivemos direito a ouvir a musica duas vezes...
Para hoje está reservada a continuação do debate sobre a internet, mas com documentos que facilitem a decisão sobre qual a melhor.Tabém está reservada uma massagem com creme pelo corpo. Tem a pele toda seca e não deixa que ninguém lhe coloque creme...espero tê-lo convencido...veremos...
Queria leva-lo ao jardim zoologico...

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Nova visita à pediatria. Eu nem sabia, o Edu e a Bia estavam lá outra vez. O mesmo problema de saúde e vidas tão diferentes...
A Bia sempre acompanhada e acarinhada pela familia e amigos...o Edu...bem o Edu tem a companhia de uma televisão que está no seu quarto individual, na sua prisão...
Eh pah não consigo...é inevitável...isto revolta-me, isto deixa-me fula...isto faz-me sofrer...o miudo merece mais!tem que merecer mais! estamos a falar de uma criança com um sorriso lindo que está presa a vida por um fio!Mas que raio de justiça é esta? Ter a doença que lhe vai arrancar a vida já não é suficientemente mau?!
Não sei se estou preparada para passar de novo pelo mesmo em tão pouco tempo, mas não quero deixar este menino sozinho.
Perfeito Santo Antonio se não fosse a falta de casas de banho :S
Mas não deixou de ser um momento divertido...

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Última noite...
23h

- "Catita" amanhã fazes alguma coisa?
- Não, vamos onde?
- Queria ir a praia mas o tempo não está muito simpático.
- Pois...não me apetecia enfiar-me em centros comerciais.
- Vê aí o site da meteorologia
(...)
- Aguaceiros, vento moderado...resumindo uma treta...

1h30

- "Catita" confirma aí se o site entretanto não mudou.
- O site não muda assim...
- Mas confirma...
(...)
- Está igual.

3h
- Mas que treta...o que é que nós amanhã vamos fazer...queria algo ao ar livre.
- Pois eu também...
- Confirma lá o tempo para amanhã.
- Mau...vai estar mau tempo, já sabemos disso.
- Pode ser que não...

Deixámos então para decidir pela hora de almoço o que fariamos. E eis senão que a chuva se vai e o sol aparece. Telemovel em punho e lá fomos nós...para a praia, pois claro.

"Edmundo" - eu vou lá ter com vocês...levam patins? (lol...só podia estar a brincar...é claro que sim...não podia perder a oportunidade de ver a "catita" a andar sobre rodas :D)
Antes de chegarmos à praia eu tinha que perder a "Catita" devo ter dado no minimo 5 voltas à mesma rotunda, para no meio de vários telefonemas interrompidos ela dizer que sabia onde estava para eu não me preocupar.
Claro que nos fartámos de rir...primeiro percurso de patins ultrapassado, direito a um cachoro quente para restabelecer energias...mas que senhor cachoro...
Depois de composto o estomago eis que o senhor que nos atendia decide levantar a mesa...pois com o ventinho que estava todas as batatinhas e afins que estavam em cima do papel da mesa saltaram directamente para o meu colo...podem estar 20 pessoas numa mesma mesa, que se eu for uma dessas pessoas e se algo tiver que cair, pois claro que cai para cima de mim...eu devo ter um magnetismo qualquer para atrair estas coisas...
Restabelecido o equilibrio...voltámos ao mesmo posto. Eu claro que não podia ficar sem fazer uma bela nódua negra. Tinha acabado de dizer "se cair, que me magoe em qualquer lado menos nos joelhos". Sendo eu uma pessoa com extrema sorte na vida, pois claro que tinha que bater literalmente com os 2 joelhos nas grandes quando tentava descer alguns metros com alguma inclinação de forma autonoma e sem a ajuda dos meus dois companheiros. Aquela gaita doeu mesmo...ainda hoje doi...
Chegados a porto seguro, ainda tivemos tempo de fechar o "Edmundo" no porta-bagagens da "Catita" antes que esta se fosse embora. Lá o libertamos, a "Catita" foi-se embora e eu e o "Edmundo" ainda ficamos mais 1h30 a falar sobre os nossos dramas existenciais (mais os dele dos que os meus...afinal de contas dessas coisas não se fala)e a ver um salvamento...saí de lá gelada, mas satisfeita por ter aproveitado o dia ao ar livre.

O dia 10 estava marcado há várias semanas...praia na costa...petiscada e deixemo-nos levar. Ya ya ( já o outro dizia) praia????!!!!! LOOOL...levem os blusões, pestiscada?? só se for num sitio bem abrigado.
Mudança de planos...ida ao cinema oeiras park "ir tão longe para ir ao cinema" disse o "tide", fala por ti...o jantar ficaria por conta do "Pepe" ou melhor, ele iria decidir onde jantarmos.
O filme escolhido foi "o principe da persia" não foi mau, mas podia ser melhor...eu dava outro rumo à coisa, mas como não domino a arte do cinema, é melhor remeter-me a minha insignificancia.
Chegada a hora do jantar, para onde é que o "Pepe" nos levou?! pois claro...praia com eles...eu juro que não tive qualquer culpa na escolha do restaurante, mas que foi uma excelente escolha, lá isso foi :D
Opção de bebida..sangria. No primeiro gole o "Tide" disse logo que a sangria estava muita forte. Eu pensava que ele estava a gozar comigo, nessa altura eu ja tinha bebido meio copo e não tinha achado nada disso. Comecei a achar estranho quando além dele a "Kiki" disse o mesmo...depois disso, bem eu não via duas "Kikis" (era ela que estava a minha frente) mas que via tudo um bocado a roda lá isso via...o problema maior foi quando o "Edmundo" descobriu que eu estava assim...ainda começou a puxar mais por mim e a encher-me o copo com a desculpa que me levava a casa...eh pah...o que nós nos rimos, mas aquela coisa de facto estava um bocado forte...Ao dar conta de mim naquelas circuntâncias cheguei lembrei-me bem de uma pessoa bem próxima de mim, mas não digo quem :D
Chegada sã e salva a casa já de madrugada ( e para fazer manhã no dia seguinte) recebo uma mensagem do "Edmundo" a perguntar se tinha chegado bem...lol...só no dia seguinte é que descobri que ele e o "Tide" andaram perdidos não sei quanto tempo para chegarem novamente até ao oeiras park...

terça-feira, 8 de junho de 2010

Saí de mais um turno da tarde e fui directa para o velório...a minha prima estava irreconhecivel, como é possivel?! Ela não merecia isto...é que não merecia mesmo...estive lá até as 2h e custou-me tanto vir-me embora...tinha que acordar as 6h30 para mais 16horas de trabalho e isso claro que significava que não poderia estar presente no funeral. Onde quer que esteja só espero que esteja bem...
Hoje acordei literalmente com o meu tubo digestivo virado ao contrário, quase sem conseguir nas primeiras horas sair da casa de banho...foi uma manhã de rastos e eu só pensei nela...isto não é nada comparado com tudo o que ela sofreu...
Lamento só falar nela...mas o meu estado de espirito ainda não mudou...

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Seriam 16 horas de trabalho (manhã e tarde), mas como o serviço estava calmo, a chefe dispensou-me da parte da tarde. Lá combinei com o "Tide" e com o "Edmundo" uma ida à praia em cima do joelho. Ficou combinado que nos encontravamos no local de quase sempre, mas que eu ainda me ia demorar...queria ir ver a minha prima e depois passar por casa.

Subi o elevador em direcção à medicina, passei pela sala de espera e entrei na medicina dirigindo-me até ao quarto. A porta estava fechada e imaginei que a estissem a compõr, mas como passou uma colega minha pelo corredor, perguntei-lhe se era isso mesmo que estava a acontecer. " é o quê à doente?" - perguntou "sou prima" respondi "a D.X já não está aqui" seguidamente fiz a pergunta mais idiota que alguma vez poderia ter feito "mudaram-na de sitio foi?". Mas a cara dela disse-me tudo, acho que mesmo enquanto eu ainda fazia a pergunta. A minha prima faleceu durante a noite...e eu estupidamente apesar de saber que isto ia acontecer, não estava preparada para que fosse já hoje...não estava. Senti os olhos encherem-se de lagrimas e só me senti a procurar a porta da rua sem conseguir pensar em mais nada. As escadas de emergência foram o local que eu precisava para "explodir", voltar a recompor-me e fazer uns telefonemas, o primeiro claro, para o meu pai.
O meu pai ainda me incentivou a ir na mesma a praia já que nada mais podia ser feito...ainda recusei, mas acabei por ir ter com eles e foi o melhor que poderia ter feito.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Quarto de uma medicina...quarto individual. E lá está ela...à espera da hora, com a mãe de 89 anos sentada à sua cabeceira com os seus lindos olhos lavados em lagrimas e as roupa larga que mais parece de pertence a outra pessoa.
Trouxe a mãe para fora do quarto e dei-lhe um abraço bem forte e não fui eu que tomei a iniciativa... O que se diz a uma mãe de 89 anos quando a filha mais nova está a morrer?! não sei o que me passou pela cabeça, mas sei que uma das coisas que disse foi "sabe, ela tem muita sorte em ter nesta altura da vida a mãe ao seu lado. Se um dia eu tiver assim nesta situação, também vou querer a minha mãe ali pertinho de mim...é um privilégio contar com o conforto de uma mãe nestas alturas e ir contra a suposta correcta lei da natureza."

Hoje sem doentes, voltei lá antes da hora de sair...devia ser hora de almoço quando entrei no quarto, la estava ela, com a morfina em perfusao, um esforço já consideravel a respirar, mas serena a dormir. Não a queria acordar, mas o meu colega que me acompanhou e não me deixou disse para lhe tocar. Cheguei-me à frente, peguei-lhe numa das mãos e ela abriu os olhos, disse-lhe para continuar a descansar, que tinha passado só para lhe dar um beijo...dei-lhe um beijo nas mãos, acariciei-a e saí. Doi tanto...hoje voltei a ir a praia depois de sair, mas é impossivel não pensar..."será justo ainda assim divertir-me enquanto ela está assim?!" Mas têm sido eles a minha força, e graças a eles que me mantenho firme e capaz de dar suporte à minha familia. Os amigos estão lá...
Curiosamente tem sido uma fase em que me tenho começado a aperceber de quem eu pensava que poderia sê-lo e afinal não o é, não passam de pura fachada.Aprender a não me apegar às pessoas tem sido uma luta. Mas no meio de tudo isto...os verdadeiros amigos cada vez se sentem mais e nos ultimos tempos eles têm estado por aqui e a eles devo a minha vida.