Quarto de uma medicina...quarto individual. E lá está ela...à espera da hora, com a mãe de 89 anos sentada à sua cabeceira com os seus lindos olhos lavados em lagrimas e as roupa larga que mais parece de pertence a outra pessoa.
Trouxe a mãe para fora do quarto e dei-lhe um abraço bem forte e não fui eu que tomei a iniciativa... O que se diz a uma mãe de 89 anos quando a filha mais nova está a morrer?! não sei o que me passou pela cabeça, mas sei que uma das coisas que disse foi "sabe, ela tem muita sorte em ter nesta altura da vida a mãe ao seu lado. Se um dia eu tiver assim nesta situação, também vou querer a minha mãe ali pertinho de mim...é um privilégio contar com o conforto de uma mãe nestas alturas e ir contra a suposta correcta lei da natureza."
Hoje sem doentes, voltei lá antes da hora de sair...devia ser hora de almoço quando entrei no quarto, la estava ela, com a morfina em perfusao, um esforço já consideravel a respirar, mas serena a dormir. Não a queria acordar, mas o meu colega que me acompanhou e não me deixou disse para lhe tocar. Cheguei-me à frente, peguei-lhe numa das mãos e ela abriu os olhos, disse-lhe para continuar a descansar, que tinha passado só para lhe dar um beijo...dei-lhe um beijo nas mãos, acariciei-a e saí. Doi tanto...hoje voltei a ir a praia depois de sair, mas é impossivel não pensar..."será justo ainda assim divertir-me enquanto ela está assim?!" Mas têm sido eles a minha força, e graças a eles que me mantenho firme e capaz de dar suporte à minha familia. Os amigos estão lá...
Curiosamente tem sido uma fase em que me tenho começado a aperceber de quem eu pensava que poderia sê-lo e afinal não o é, não passam de pura fachada.Aprender a não me apegar às pessoas tem sido uma luta. Mas no meio de tudo isto...os verdadeiros amigos cada vez se sentem mais e nos ultimos tempos eles têm estado por aqui e a eles devo a minha vida.
quinta-feira, 3 de junho de 2010
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