segunda-feira, 31 de maio de 2010

Há alturas em que sinto mesmo a falta de escrever...de deitar cá para fora aquilo que sinto e que não sai de outra forma. A contar os minutos para sair de casa, preciso de pelo começar o desabafo...
A luta está quase perdida e o cancro já está dessiminado por outros órgãos. Á hora de almoço, ligámos para saber se a podiamos ir ver. O marido responde "vamos agora para o hospital, ela está a perder muito sangue pela urina". O nosso trajecto foi então alterado rumo ao hospital. Cheguei antes da ambulância e tive tempo suficiente para ir lá dentro falar com uma colega. Nunca pensei precisar disto,´e só me apetecia dizer "por favor,cuidem bem da minha priminha quando ela chegar", voltei a triagem, na exacta altura em que uma mulher numa cadeira de rodas estava a chegar acompanhada dos bombeiros. Era ela...foi dos maiores choques que já apanhei na vida eu não podia acreditar que aquela era a minha prima, pele e osso (30kg talvez) eu não queria acreditar na imagem que estava a ver...como é que tudo aconteceu tão rapido?!ela tão fragil...todos os ossos se destacavam,na face, costelas...eu não sei como não chorei ali mesmo, por dentro estava a desfazer-me e quando olhei para o meu pai o desejo de voltar 9 meses atrás superou qualquer outra vontade que eu possa ter nesta vida.
Consegui apressar as coisas e ela foi rapidamente atendida. Á noite voltei lá, ainda estava a espera de ser transferida.Consciente de tudo e ainda assim serena e desejo firmemente que essa serenidade não fosse apenas aparente ou fruto do cansaço. Quando a deixei e fechei a porta da sala de aerossois não me consegui aguentar...felizmente tive o abraço do "Tide" que tem sido um amigo à altura e que não me deixou ir-me abaixo em frente ao resto da minha familiar.
Vou vê-la agora...pelo caminho vou chorando tudo o que tenho para chorar porque quando estiver com ela, quero estar pronta para lhe dar todo o meu amor e serenidade.
Só me apetece dizer ... "que merda de vida", mas fico-me por "ela não merecia nem metade do sofrimento que já passou"

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