
Nestes últimos meses de trabalho já tive turnos psicologicamente bastante perturbadores, daqueles que uma pessoa sai do serviço e não se consegue desligar. Embora saiba que não deva, há situações em que é impossível que isso não aconteça.
Nestes últimos dias deparamos-nos com mais uma morte cerebral. No serviço onde estou, infelizmente isso para nós já não é estranho. Mas foi perturbador pelo facto de ter sido de alguém que não esperávamos, nas circunstancias que nunca pensámos e sobretudo por ser um jovem.
As últimas horas envolveram uma serie de protocolos, sobretudo no que respeita à doação de órgãos. Nunca havia presenciado a avaliação e toda a organização que é necessária. E sem dúvida que manter aquele corpo tornou-se numa tarefa muito mais complicada do que cuidar de um doente instável. Ainda há uns dias estava a olhar para os olhos azuis daquele rapaz e a lutar contra a força tremenda que tinha nos braços para o conseguirmos puncionar para poucos dias depois estar a acompanhar os médicos enquanto faziamos tudo o que o protocolo exige.
Como falei com várias pessoas que não faziam ideia do que era a Morte Cerebral, deixo aqui uma pequena explicação.
(http://www.mundoeducacao.com.br/curiosidades/morte-cerebral.htm)
A morte cerebral é a perda irreversível das funções do cérebro após este ser privado de oxigênio por mais de cinco minutos. Tal privação faz com que as células cerebrais sejam lesionadas de forma que nenhum equipamento, por mais eficiente e moderno que seja, consegue reverter o quadro.
Para confirmar a morte cerebral, os médicos realizam algumas avaliações para a verificação de sinais em todo o corpo. Segundo a Organização Mundial de Saúde, a morte cerebral só pode ser confirmada após a perda funcional dos neurônios. Os fatores que podem desencadear a morte cerebral são lesões, falta de oxigenação, derrame, tumor, overdose e glicose baixa.
Existem pessoas que confundem o coma e a morte cerebral, porém ambas possuem características particulares. Um indivíduo em coma possui sinais neurológicos apresentados em seu organismo enquanto que um indivíduo com morte cerebral perde todos esses sinais de forma definitiva. Vários tipos de estímulos externos são feitos de forma a produzir algum tipo de sinal no organismo, porém em caso de morte cerebral não há resposta positiva para tais.
nâo e facil lida com esta situaçâo ,faz 15 dia que perdi minha espoza com derrame isguiatico,ela tinha 39 anos, e deixou uma filha de 10 anos com migo que sou o pai para nos e edificil voçê ouvir do medico que nâo à mais nada que fazer , e que e um quadro sem reversâo e ter que tomar decisôes doar ou nâo os orgâo e optar pelo amor ao proximo ,no momento de dor ,eu agradeço a sua informaçâo
ResponderEliminarmim ajudou muito .
AT anonimo
São momentos muito complicados para todos os intervenientes, mas sobretudo para a familia que se vê muitas vezes numa situação inesperada a perder uma pessoa tão querida. São factos da vida que revoltam mas que infelizmente não conseguimos contornar. A sua filha de 10 anos há-de ser uma grande força e com certeza que vai ter um pai à altura de lhe dar todo o amor e carinho que ela precisa na ausencia da mãe.
ResponderEliminar